Diante da impotência
perante a vida conheci Deus. Não era super-homem ou super espírito e nem tinha
raios nas mãos como num Zeus renascido. De seus olhos cegos me olhava cansado,
de sua boca murcha saíam suspiros de desgosto.
Imagine que você crie
um mundo com a intenção de ser nada menos que perfeito e imagine que jogue
nesse mundo cheio de explosões e modificações, cheio de nuances e transformação
aquilo que você criou para desfrutar de toda a mágica e de toda intensidade. Imagine
que aquilo que você criou com fome se alimentou de um moralismo covarde e não
do desejo e nunca da descoberta.
Não se admirou quando
de concreto e lágrimas e rezas e súplicas todos eles se fecharam em grandes
concentrações de demência esperando pela felicidade ao invés de procura-la em
si mesmos.
Não se surpreendeu quando
cuspiram nos rostos dos que tentaram diferente, que pisaram fora da redoma, que
esqueceram os cânticos.
O normal era se ater o
escuro em busca daquele que traria a luz e a espera de milênios fez a beleza do
espetáculo perder o viço, o brilho e a
esperança de ousadia.
Ao julgar e condenar os
outros, se esqueceram de si mesmos e todos os ditos pecados eram perdoados por
um punhado de dinheiro e joelhos ao chão.
Oh como Deus queria
gritar, como queria chamar-lhes atenção para o que estavam perdendo, para tratar de mau a natureza e de inferno o
mundo.
Como queria dizer que o
paraíso era logo ali dentro da alma plena e que a morte nada mais é do que o
fim de uma existência então vazia. Mas até ele temia os gritos entoados com
ódio e as cruzes levadas com um prazer masoquista e o coração fechado, e o
coração doído
.
Estava sentado ao chão
e não tive coragem de perguntar nada ao pobre homem, em algum lugar um trono de
ouro, ou vários, esperava por ele. Saiu sem dizer nada para não mais voltar.
Eu entendi. Às vezes a
única saída é virar as costas.
Somos nós por nós.
Graças a Deus.
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