quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Diante do trono, o vazio

Diante da impotência perante a vida conheci Deus. Não era super-homem ou super espírito e nem tinha raios nas mãos como num Zeus renascido. De seus olhos cegos me olhava cansado, de sua boca murcha saíam suspiros de desgosto.

Imagine que você crie um mundo com a intenção de ser nada menos que perfeito e imagine que jogue nesse mundo cheio de explosões e modificações, cheio de nuances e transformação aquilo que você criou para desfrutar de toda a mágica e de toda intensidade. Imagine que aquilo que você criou com fome se alimentou de um moralismo covarde e não do desejo e nunca da descoberta.

Não se admirou quando de concreto e lágrimas e rezas e súplicas todos eles se fecharam em grandes concentrações de demência esperando pela felicidade ao invés de procura-la em si mesmos.

Não se surpreendeu quando cuspiram nos rostos dos que tentaram diferente, que pisaram fora da redoma, que esqueceram os cânticos.

O normal era se ater o escuro em busca daquele que traria a luz e a espera de milênios fez a beleza do espetáculo perder o viço, o brilho  e a esperança de ousadia.

Ao julgar e condenar os outros, se esqueceram de si mesmos e todos os ditos pecados eram perdoados por um punhado de dinheiro e joelhos ao chão.

Oh como Deus queria gritar, como queria chamar-lhes atenção para o que estavam perdendo,  para tratar de mau a natureza e de inferno o mundo.

Como queria dizer que o paraíso era logo ali dentro da alma plena e que a morte nada mais é do que o fim de uma existência então vazia. Mas até ele temia os gritos entoados com ódio e as cruzes levadas com um prazer masoquista e o coração fechado, e o coração doído
.
Estava sentado ao chão e não tive coragem de perguntar nada ao pobre homem, em algum lugar um trono de ouro, ou vários, esperava por ele. Saiu sem dizer nada para não mais voltar.

Eu entendi. Às vezes a única saída é virar as costas.


Somos nós por nós. Graças a Deus.

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