Eu sempre pensei numa única personificação quando o assunto
foi Deus. O cinema americano sempre o personificou na imagem de Morgan Freeman
ou atores semelhantes – voz empostada, altos,misteriosos e com um leve caminhar
– como alguém que espera a brisa e o tempo. A igreja projeta-o como um Zeus da
cultura romana antiga, de barbas brancas, velho, túnicas, tecidos e acima de
tudo, juiz. Minha avó sempre disse que Deus tem o lindo ato de contemplar e apreciar,
até mesmo as coisas que não são bonitas, até mesmo os desavisados. Curioso é,
que Deus, em todos os casos, me parecia alguém incapaz de criar as coisas, já
que quem as cria, as domina.
Hoje o personificam-o
como um bobo, talvez, como se fosse capaz de se submeter a inúmeras atitudes
nossas porque o perdão é logo ali, na virada da esquina. Alguém que ama e
ponto.
Por
muito tempo eu personifiquei a figura de Deus como ouvi certa vez de um
filósofo na TV: “é alguém como você, só
que maior e melhor.” Isso já soa bem
mais confortável. Mas há de ter mais coisas, precisa-se de exemplos mais
originais, dotados de uma verossimilhança que faça jus a alguém que criou
cachorros e Adélia Prado.
Ou se ele foi criado com a função
de nos botar na linha? Então o acaso teria criado Adélia Prado? Ainda mais
improvável”
Iris Murdoch, poetisa que morreu
de Alzheimer, confessou certa vez: "Temos que acreditar em algo divino. Sem a ajuda de Deus. Algo que
poderíamos chamar de amor... ou bondade. Como diz o Salmo: 'Até onde devo me
afastar do teu espírito para evitar tua presença? E eu subo até o paraíso e tu
estás lá. Se vou para o inferno, olha, tu estás lá. Se tomo as asas da manhã e
for para os mais remotos cantos do mar até mesmo lá tua mão me conduzirá e tua
mão direita me abraçará.'"
Acredito que devemos praticar exercício
de tranqüilidade,sabedoria e bondade, assim como Iris deixou em sua mensagem,
não porque Deus acompanha você, mas porque você é capaz disto. No fundo, não
haverá diferença sobre como você o imagina que seja – na verdade, nem será
preciso imaginar.
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